O ano de 2023 foi palco de crescente tensão na faixa de fronteira do Extremo Norte do Brasil devido à disputa pela região do Essequibo entre os governos da Venezuela e da Guiana. Esse território guianense, rico em petróleo, tornou-se alvo de cobiça do presidente venezuelano Nicolás Maduro. A comunidade internacional se envolveu, e a Inglaterra enviou um navio de guerra para o território marítimo da Guiana, enquanto Maduro mobilizou 5.600 soldados bolivarianos em resposta à presença do navio HMS Trent na região.
A disputa pelo Essequibo, que já se estende por séculos, intensificou-se nos últimos anos, atingindo níveis preocupantes após Maduro realizar um referendo para perguntar à população se deveria anexar o Essequibo ao mapa da Venezuela. Segundo fontes oficiais do país, o resultado foi afirmativo: a maioria dos eleitores considerou que o Essequibo pertence à Venezuela.
No entanto, especialistas consideram a movimentação militar do governo venezuelano na região como teatral. O país não obteve o apoio oficial da China e da Rússia e, isoladamente, não teria condições de enfrentar os aliados influentes da Guiana: Estados Unidos, Reino Unido e os países membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O professor de Relações Fronteiriças da Universidade Federal de Roraima, Américo de Lyra Júnior, explica essa dinâmica.
Enquanto isso, o Brasil, por meio do Ministério da Defesa, reforçou a guarnição na fronteira de Pacaraima com o envio de mais militares do Exército. O presidente brasileiro, Lula, tem enfatizado o compromisso do país em garantir um ambiente de harmonia e paz na região. Ele reiterou diversas vezes que a América Latina não necessita conviver com conflitos armados, ao contrário do que os presidentes venezuelano e guianense têm ensaiado.
Essa disputa pelo território do Essequibo teve início há mais de dois séculos, quando a Guiana ainda estava sob domínio britânico. Um tribunal arbitral internacional, no final do século XIX, decidiu a favor dos britânicos, mas essa questão persiste e continua a ser uma fonte significativa de tensão na região.